Do livro Carne e Alma, do Poeta Rogaciano Leite. Poema datado de 1945.
Dos estaleiros do sonho
Dos estaleiros do sonho
De nossa grande Nação
Ao mar de novas conquistas
Se lança uma geração...
O mar - é o futuro imenso
Em cujas águas suspenso
Tremula um mastro - o ideal;
A bandeira - é a Mocidade,
O destino - é a liberdade
E o Brasil - é o seu fanal!
Jovens, que sois os rebentos
Da raça de mil heróis,
O céu de uma pátria livre
Enchei de formosos sóis!
Atentos, para a defesa...
Paz! Virtude! Amor! Grandeza!
Que é desgraça esmorecer!
Do livro as folhas sagradas
São asas e luz, doiradas,
Se a loira manhã da vida
Tem mais luz quando há mais sol,
Rasgue-se o véu da penumbra,
Nasça o formoso arrebol!
Quando se dissipa a treva
Um jato de luz se eleva
Da terra para a amplidão;
Assim, o estudante moço
Em lugar de um calabouço
Constrói um tempo - a razão!
Ide! Avante, Mocidade!
Lutai! Vencei! Progredi!
Encher de louros a fronte!
Edificai! Construí!
Da vida o destino imenso
Não pode ficar suspenso
Nas cortinas do bordel!
Quem molha os lábios no vício
Bebe o trave do suplício,
Mergulha a boca no Fel!
Nunca o sabre de um guerreiro
Deve rolar sobre escravos...
Um país só tem progresso
Tendo homens fortes e bravos!
Lá no terror das batalhas
É que o brilho das medalhas
Enfeita a farda do herói;
Só se edificam portentos
Na pedra dos monumentos
Que a mão dos bravos constrói!
Nos horizontes da vida
Há muitas nuvens doiradas,
Muitas luzes flamejantes;
Muitas estrelas prateadas...
Se a gloria pertence aos bravos
Não queirais ficar escravos,
Ide à frente, amigos meus!
Quem corre atrás do destino
Encontra o premio divino
Fechado na mão de Deus!
Se a liberdade é rainha
O progresso é grande rei;
Quando o código abre as folhas
O Direito abraça a Lei;
Na vastidão dos espaços
A Nação levanta os braços
Procurando a liberdade...
Avante, moço valente!
Que a descrença é uma serpente
Que envenena a humanidade!
Se o raio é feito de fogo
Precisa inspirar calor;
Quando o calor queima o peito
As almas vibram de amor!
No Vesúvio das ideias
Ardem milhões de pompeias
Que o pensamento esculpiu;
Esse fogo - é a Mocidade...
Essa Pompéia - a verdade,
Donde o Direito surgiu!
Quando as asas da igualdade
Se abrirem pelo infinito,
Das trevas - virão estrelas,
Dos ermos - estranho
grito...
No coração do Universo
Há de aparecer um verso
Com letras feitas de luz
E a mão de Deus, levantada,
Terá do bravo - uma espada,
Do sábio - um livro e uma cruz!
Rogaciano
Bezerra Leite nasceu no Sítio Cacimba Nova, em Itapetim
- PE, no dia 1º de julho de 1920. Na época Cacimba
Nova pertencia a São José do Egito, o que deixou na história uma polêmica que
dura até hoje: Rogaciano é de Itapetim ou de São José?
Filho
dos agricultores Manoel Francisco Bezerra e de Maria Rita Serqueira Leite,
iniciou a carreira de poeta-violeiro aos 15 anos de idade, quando desafiou, na
cidade paraibana de Patos,
o cantador Amaro Bernadino.
Rogaciano Leite, poeta e jornalista brasileiro, faleceu no Rio de Janeiro, no dia 7 de outubro de 1969.