Partido dos Trabalhadores de Pernambuco: Resistir, Lutar e Vencer


*Em um cenário político conturbado, onde os ataques aos direitos da classe trabalhadora são cada vez mais ferozes, o Partido dos Trabalhadores de Pernambuco tem recuperado o seu protagonismo e desempenhado um papel importante no enfrentamento aos golpistas e as forças conservadoras que, sem nenhum pudor, atacam as conquistas históricas dos trabalhadores.

Na tentativa de ter o PT como coadjuvante em 2018, dois movimentos têm sido feitos por ex-aliados: de um lado os que alegam o fato de terem defendido Lula e Dilma até o último momento quando se consolidou o golpe que tomou de assalto a Presidência da República, enquanto do outro lado estão os que buscam plantar uma imagem de isolamento do PT e, portanto, esperam o partido ajoelhado em uma aliança eleitoral.

No primeiro caso, o PTB do senador Armando Monteiro Neto trabalhou junto ao ex-presidente Lula para reeditar a aliança de 2014, desconsiderando o fato de ter apoiado as medidas do governo golpista contra os trabalhadores, sendo uma das vozes que defende as reformas trabalhista e previdenciária, que rasgam direitos conquistados com muita luta pela classe trabalhadora. O senador do PTB, aos poucos foi se afastando do PT, priorizando a agenda política ao lado do DEM e do PSDB, recuando apenas após perceber que os ataques ao ex-presidente Lula não ecoaram no meio do povo e a sua liderança segue incontestável.

Já no segundo caso, o PSB que foi um dos patrocinadores do golpe, resolveu “abrir” o dialogo com o PT, principalmente, quando a sua base política começou a esfacelar-se, e o atual Governador do Estado, Paulo Câmara, a amargar índices de reprovação inimagináveis até pouco tempo atrás. Apesar do grande aparato da mídia e da máquina pública, o PSB de Pernambuco vê a reeleição para o Governo Estadual cada vez mais distante, e numa grande crise de amnésia, emite sinais de que o PT voltou a ser bem-vindo no condomínio pessebista.

Mas, nenhum dos argumentos e das movimentações políticas destes campos foi capaz de desestabilizar o Partido dos Trabalhadores de Pernambuco e, tampouco, demover a construção de um programa capaz de devolver a esperança ao povo pernambucano. Fortalecido pela unidade de sua direção, o PT-PE demonstrou coragem, altivez e reafirmou a sua independência ao decidir, por unanimidade, que não marchará junto com aqueles que apoiaram o golpe e/ou votaram pela retirada de direitos dos trabalhadores.

Todavia, é preciso estar atentos a movimentações dentro do partido, pois ainda percebe-se que algumas vozes isoladas, acostumadas a patrocinarem maus acordos em detrimento de boas lutas, ainda sonham com uma aliança meramente eleitoral com esses setores que são rechaçados pela população, fechando os olhos para o desejo das pessoas de terem uma opção alinhada com a necessidade de reconstrução da democracia e retomada da esperança do povo pernambucano. Essas figuras valem-se do ditado popular que diz: “farinha pouca, meu pirão primeiro”, e tentam construir um caminho contra a vontade da militância petista.

Porém, o Partido dos Trabalhadores de Pernambuco tem se vacinado contra esse tipo de postura isolada, e na resolução aprovada no dia 30 de julho, o Diretório Estadual convocou a militância petista para resistir às ofensivas das forças conservadoras, defender o imediato restabelecimento da democracia com eleições direitas já, e permanecer vigilantes na defesa intransigente do ex-presidente Lula, vítima de um conluio político midiático que tenta impedir a sua candidatura nas eleições do próximo ano, numa clara manobra para intensificar o massacre causado pela coalizão golpista e usurpadora no desmonte do Estado brasileiro.

Foi a partir dessa leitura, que o Partido dos Trabalhadores de Pernambuco assumiu a responsabilidade de apresentar um projeto popular como alternativa de governo para Pernambuco, que será aprofundado com a participação dos movimentos sociais e construído com o povo, a quem pertence todo o poder e com quem o PT estará aliado de forma inseparável. A seguir, reproduzimos um trecho desta resolução, reafirmando uma posição protagonista na luta dos trabalhadores:

[...] Assim, diante desse gravíssimo quadro no Brasil e em Pernambuco, com o  aprofundamento da crise político-institucional que atinge a democracia, os direitos de toda a nação e o seu futuro independente e soberano, o Diretório Estadual do PT, após o debate acumulado nos últimos meses em suas instâncias, expresso no documento de unidade da nossa chapa única e das diretrizes aprovadas pela totalidade dos 300 delegados(as) presentes ao nosso 6o Congresso Estadual, DECIDIU, por unanimidade, adotar as seguintes deliberações e fixar as seguintes prioridades para as lutas do PT-PE em 2017 e 2018:

1.  Fortalecer a atuação e intensificar a mobilização do PT-PE e de seus filiados em defesa da democracia e de Lula; da constituinte soberana e exclusiva; da defesa intransigente dos direitos dos trabalhadores ameaçados pelas forças golpistas no Congresso Nacional e, sobretudo, em defesa das eleições gerais diretas já, que é o único caminho legítimo para restabelecer a soberania popular, restaurar a democracia e superar a evidente nulidade do impeachment fraudulento de Dilma Rousseff;
2. Reafirmar que a nossa prioridade política principal se expressa na candidatura de Lula a Presidente da República, em 2017, com diretas já, ou em 2018, enfatizando que eleições sem a participação de Lula é uma fraude que não aceitaremos e contra a qual lutaremos com todas as nossas forças. Deixar claro que essa prioridade maior norteará a nossa tática eleitoral e o posicionamento de nossas candidaturas às próximas eleições;
3. Apresentar uma candidatura própria do PT-PE ao Governo do Estado nas próximas eleições, em oposição ao governo do PSB, para que Pernambuco retome os rumos de seu crescimento social e econômico e seja resgatado das ameaças e atrasos impostos por uma gestão ineficiente e omissa, bem como para defender a democracia e os direitos dos pernambucanos(as);
4. Estabelecer, também como prioridade, as nossas candidaturas às eleições para o Poder Legislativo, com vistas a preservar o mandato petista no Senado, a recuperação da bancada de deputados federais e a ampliação da bancada de deputados estaduais;
5. Iniciar o diálogo com os partidos do campo democrático e popular, aliados do PT nas lutas em defesa da democracia e dos direitos, com vistas a estabelecer alianças para o enfrentamento eleitoral e político às forças golpistas e/ou conservadoras em Pernambuco;
6. Definir como prioridade imediata a realização de Plenárias Regionais em todos os polos e regiões pernambucanas, neste segundo semestre, com o foco (1) na reorganização do partido nos municípios que não realizaram o PED e (2) na escuta da sociedade e dos petistas para a construção de eixos e programa de governo que atenda às legítimas aspirações dos pernambucanos(as) de reconquistar a confiança no seu futuro, de ter um governo estadual que retome os rumos necessários para o crescimento social e econômico e para a promoção de direitos, de políticas sociais, de oportunidades, de distribuição de renda e de inclusão na cidadania;
7. Preparar, como tarefa e ação imediata e central, a Agenda de Lula em Pernambuco, nos dias 24 a 26 próximos, no âmbito da sua jornada pelo Nordeste que se iniciará no dia 17 de agosto;
8. A organização e mobilização dos petistas para os encontros de nossas secretarias e setoriais, dentro do calendário já definido pela Direção Nacional do PT, atribuindo à Executiva Estadual a tarefa de, em sua reunião de 02/08/2017, concluir a composição das comissões provisórias encarregadas de convocar os encontros das secretarias e setoriais que não estão organizados, bem como definir as datas dos referidos encontros em nível estadual.
9. Aprofundar a articulação com os movimentos sociais e com a Frente Brasil Popular na defesa da democracia e dos direitos dos trabalhadores(as), especialmente na construção da nova etapa da Caravana da Democracia a ser realizada pela FBP neste segundo semestre;
10. Definir que, até o mês de dezembro, o Diretório Regional do PT-PE decidirá quais os eixos do programa de governo e o(s) nome(s) dos(as) pré-candidatos(as) que se propõe a representar o partido na defesa desse programa e no caminho para a vitória nas eleições presidenciais e de governador em 2017/2018;
11. Delegar à Comissão Executiva Estadual a tarefa de coordenar todas as etapas e prioridades deliberadas nesta Resolução, particularmente a de definir o calendário das plenárias regionais; de reorganizar o partido em todo o Estado; de construir os eixos e programas de governo, com a sociedade e com os petistas, trazendo a proposta para decisão por este Diretório; de estabelecer e coordenar os meios de consulta sobre os nomes a serem sugeridos a este Diretório para as candidaturas majoritárias e proporcionais do PT-PE, observadas as normas estatutárias; bem como a de realizar o Planejamento Estratégico do nosso partido e de suas instâncias e órgãos de direção;
12. Conclamar os petistas, os nossos parlamentares e lideranças a apoiarem a Comissão Executiva Estadual no cumprimento dessas tarefas de coordenação, a participar das atividades por ela programadas em todo o Estado e, inclusive, a apresentarem propostas à mesma CEE quanto a calendário, a eixos e programas de governo, bem como de nomes para as candidaturas majoritárias e proporcionais, evitando, com rigor, que esse debate ocorra fora da instância partidária, sem a sua coordenação e fora do tempo definido por esta Resolução e pela própria Executiva.

Recife, 30 de julho de 2017.
DIRETÓRIO REGIONAL DO PT-PE

É com esse sentimento de retomada do protagonismo que o Partido dos Trabalhadores de Pernambuco vai marchar nas próximas batalhas, sejam elas no campo da resistência contra a intensificação do golpe, sejam elas nas disputas eleitorais, onde o PT terá candidatura própria, já abraçada por uma parcela significativa do povo pernambucano, para apresentar um programa de governo sintonizado com os anseios da população e um nome para representar esse projeto, que devolve a esperança ao nosso povo e renova os sonhos de ver Pernambuco de volta ao caminho do desenvolvimento com justiça social, sem vacilação, convocando a sua militância para resistir, lutar e vencer

*Texto publicado no Jornal Página 13