O tabuleiro eleitoral de 2014 e os rearranjos inevitáveis em Pernambuco

Pernambuco mais uma vez protagonizará mudanças consideráveis no tabuleiro político eleitoral nacional. Bem ou mal, as movimentações do presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, fomentarão naturalmente uma grande inquietação nos palanques país afora, mas, sobretudo no seu próprio estado.

Os políticos pernambucanos estão ansiosos e aflitos com os desdobramentos da decisão do governador de postular-se a disputa pelo comando do Palácio do Planalto. Em todas as regiões do estado, os comentaristas políticos fazem as suas apostas de como ficará o tabuleiro em 2014, e em suas previsões já enxergam uma grande troca de palanques.

Ao optar pelo rompimento com o Governo Dilma, Eduardo criou uma situação desconfortável para muitos prefeitos e deputados pernambucanos aliados de ambos os governos. Se não bastasse o desejo insaciável pelo comando do Governo Federal, Eduardo também não abre mão de indicar o seu sucessor ao Palácio do Campo das Princesas, e bem ao seu estilo escolherá a dedo quem comandará Pernambuco a partir de 2015.

O problema de tanta obsessão pelo poder, é que Eduardo não terá como atender ao desejo de todos os seus aliados interessados em sucedê-lo, a exemplo do seu correligionário Fernando Bezerra Coelho (Ministro da Integração Nacional), do Senador Armando Monteiro Neto (PTB), e do seu ex-opositor e inimigo ferrenho dos governos Lula e Dilma, Jarbas Vasconcelos (PMDB), que tem sido afagado pelo governador com elogios públicos e virtuosos. 

Não é novidade que o Senador trabalhista, Armando Monteiro, tem um grande e legítimo desejo de governar Pernambuco, mas, dificilmente encontrará nas hostes palacianas respaldo para a sua postulação, forçando-o a enfrentar o candidato de Campos. Da mesma forma, o socialista Fernando Coelho aspira uma candidatura majoritária, e assim como ocorreu em 2010, deve ser rifado pelo governador.

Esse cenário de incertezas e descontentamentos causarão muitas mágoas e frustrações, ao mesmo tempo em que modificarão profundamente a correlação de forças na política pernambucana. O reflexo dessa nova conjuntura será visto mais concretamente nos municípios em todo o estado, onde velhos amigos se afastarão, e adversários ferrenhos unir-se-ão.

Tudo isso faz parte da dinâmica da política, do exercício da democracia e da liberdade de escolha, o difícil nessas circunstâncias, é explicar ao povo as próprias contradições, afinal, o povo brasileiro tem tido uma participação cada vez mais decisiva nos processos eleitorais, e não aceitará as desculpas prontas dos que almejam apenas projetos pessoais em detrimento de um projeto de fortalecimento do País. Como diz a canção de Chico Buarque, “Amanhã, vai ser outro dia”!

Entre o que passou e o que virá, há toda uma vida


Flagramo-nos recordando o que já ficou para trás. No tempo em que era mais importante encontrar os amigos ao ter que assistir às aulas do cursinho. Onde pouco importava o quão quente estava, parávamos para contar estórias e segredos no meio da rua. Não havia distância para idealizarmos os nossos sonhos, elas sempre eram rompidas pelo desejo de seguir em frente. Por quantas vezes não ficamos horas e horas pendurados no telefone, muitas delas para não dizer nada, mas, narrando tudo.

Quando paramos para recordar o que já não volta mais, vemos que fizemos tanto, mas, pouco diante da imensidão de coisas que poderiam ser feitas. Descobrimos canções e cancioneiros, entre eles aquele que inspirava até a aula de química, que nos fazia membro de uma grande Legião, mostrando que podemos tudo dentro da grande via láctea.  

Temos o tempo de viver, temos o tempo de recordar. As sextas feiras eram suficientes para alegrar todo o final de semana, começava cedo, ao nascer da lua, e cedo terminava, ao nascer do sol. Das filas do banco as filas do cinema, sempre havia bons motivos para estar feliz.  Mas, tudo vai passando, e coisas novas vão surgindo. E o bom da vida sempre volta em nossas reflexões, como um dia que se finda sem que percebamos, e quando vemos já está nascendo um novo dia, deixando as lembranças do que passou.

Que possamos construir um caminho cheio de sonhos e realizações, pois “não temos mais o tempo que passou, mas, temos muito tempo, temos todo o tempo do mundo”.  

EDUARDO CAMPOS: ENTRE O DISCURSO E A PRÁTICA, UM ABISMO!


O governador de Pernambuco tem investido em um discurso de inovação na gestão pública, e tem protagonizado as inserções do seu partido, PSB, na televisão. Campos, que tem se colocado dubiamente como aliado e candidato a sucessão da Presidenta Dilma, tem criado um abismo cada vez maior entre o que diz e o que faz.  O governador faz duas abordagens em seus discursos que são profundamente contraditórias quando analisadas a partir do seu governo.

Primeiro ele fala da educação, e tenta vender uma ideia de que temos em Pernambuco as melhores escolas do país, aliás, denomina de escola de referência, só não explica que as referências não são nada boas. Eduardo acabou com a democracia interna das escolas, que já não elegem mais os seus gestores, bem como não permitem, na maioria dos casos, a livre organização estudantil.  

O mesmo Eduardo do discurso fácil e da retórica empolgante liderou o movimento dos governadores que não queriam pagar o piso salarial aos professores, e Pernambuco carrega a triste marca de pagar ainda um dos piores salários à categoria da educação. O que o Candidato opositor faz, é camuflar os péssimos salários com gratificações e bonificações que causam uma grande ilusão, pois não são incorporadas à carreira.

O outro tema que o governador pernambucano tem exposto é a desoneração dos impostos referentes às passagens de ônibus. Mas, o que ele também não diz é que o seu governo tem sido aliado incondicional dos empresários do setor de transportes, que monopolizam as concessões públicas para a exploração dos serviços. O que ele quer, é gerar uma confusão na cabeça das pessoas, passando a imagem de um gestor moderno e comprometido com o povo.

Essa imagem cai por terra quando os fatos são apurados. O governador é o responsável direto pela gestão do transporte coletivo da região metropolitana do Recife, através do Consórcio Grande Recife, e sistematicamente tem aumentado a passagem sem prévio aviso, atendendo exclusivamente aos empresários, oferecendo um dos piores serviços associado as mais altas tarifas. Se não bastasse, o transporte interurbano é concentrado nas mãos de dois grupos, sendo um deles, o do vice-governador do estado.

Eduardo já privatizou a saúde, sucateou a UPE (Universidade de Pernambuco) que funciona precariamente, desmontou a gestão participativa na educação, terceirizou a maior parte do serviço público, maltrata o servidor e, faz gestão voltada apenas para o setor empresarial. Campos, que até pouco tempo estava com a sua carreira ameaçada por conta do escândalo dos precatórios durante o governo do seu avô, Miguel Arraes, agora faz pose como a grande renovação da política brasileira, porém, as suas práticas são tão velhas quanto o tempo dos coronéis, e quem ousar atravessar no seu caminho, inevitavelmente provará do seu cinturão.

O ex-presidente Lula que se cuide, pois Eduardo já mostrou que pra garantir os seus objetivos não poupa ninguém, nem mesmo aquele que lhe tem como filho.