Construir o novo exige
ideias, projetos e criatividade. Ao pregar esse discurso de forma
agressiva, o ex-governador de Pernambuco tenta convencer o público
que o ouve de que é um grande construtor, um idealizador nato de um
novo país, existente, pelo menos, no seu discurso e esquema de
marketing.
No entanto, ao
analisarmos a trajetória política de Eduardo Campos, o que vemos é
a imagem do homem que sempre foi carregado pela força eleitoral de
algum ilustre militante político, e que todas as vezes que foi
gestor, foi por um gesto paternal, um presente de avô ou de pai para
filho.
Eduardo Campos foi eleito
deputado por quatro vezes, sendo uma estadual e três federal, mas
nenhuma delas por ter realizado alguma grande ação que se
configurasse como algo inovador, todas as vezes, o sujeito que foi
eleito fora o neto de Miguel Arraes, puxado pela força eleitoral do
avô, uma grande liderança da política brasileira.
Durante a sua trajetória
e, também, durante os dezesseis anos em que teve mandatos
parlamentares, Eduardo foi auxiliar no governo de Pernambuco em
algumas ocasiões, mas nenhuma delas por se destacar como economista
ou como um ativista em quaisquer das áreas que exerceu atividade
comissionada, novamente, ocupou os cargos públicos por ser o neto de
Miguel Arraes, sendo inclusive chefe de gabinete do ex-governador.
Arraes, deu muitas oportunidades à Campos, mas deve ter se
arrependido de lhe confiar a secretaria da fazenda do estado,
sobretudo, pelo famoso escândalo dos precatórios, além da gestão
desastrosa que levou Pernambuco a uma situação calamitosa.
Ainda no período em que
tinha mandato parlamentar, porém afundado na própria e inexpressiva
história, Eduardo Campos recebeu mais um presente, dessa vez do
homem que lhe recebeu como filho, o ex-presidente Lula. De Lula, o
ex-governador de Pernambuco recebeu o Ministério de Ciência e
Tecnologia, com a ampliação substancial dos recursos e programas
atrelados a C&T, de modo que Campos, sob o monitoramento de José
Dirceu, inicialmente, e em Seguida da então ministra Dilma Rousseff,
bem como do próprio Lula, foi ressurgindo para além dos escândalos
e das gestões desastrosas sob sua responsabilidade.
A partir da sobrevida que
ganhou do ex-presidente, Eduardo foi eleito governador de Pernambuco
em 2006, novamente com o apoio decisivo do PT, que transferiu
praticamente todos os votos do Senador Humberto Costa, candidato do
PT na mesma eleição, para a sua candidatura. Com o apoio
incondicional do PT, o neto de Arraes deixou de ser somente mais um
político pra ser governador do Estado em que o seu avô fez tanta
história. Novamente com o apoio incondicional do PT, Eduardo foi
reeleito em 2010.
Mas Eduardo foi aos
poucos abandonando as origens de quem lhe elegeu, e mais uma vez, sem
nenhuma personalidade, de forma equivocada, o neto de Arraes ignorou
o legado do avô e foi buscar nos governos tucanos, soluções para o
desenvolvimento de Pernambuco. Encontrou em Minas, um modelo de
governo do qual se agradou, um governo que gasta dezenas de milhões
em propaganda, que privatiza os serviços essenciais, que não
dialoga com o povo e com os movimentos sociais, e que serve ao grande
capital. Aliás, Eduardo foi buscar um modelo que ele havia derrotado
em Pernambuco e que o seu avô ajudou a derrotar no Brasil. Campos,
aos poucos foi trocando a amizade de Lula, por Aécio e o PSDB,
parceiros frequentes do presidente do PSB.
Com o modelo de Gestão
que faliu o Brasil, tendo como aliados velhas raposas que estavam na
linha de frente do Governo tucano de FHC, Eduardo se iguala ao que
tem de pior na política brasileira, desconfigurando-se inclusive da
imagem do neto de Miguel Arraes, militante que combateu com bravura a
maioria dos novos aliados do seu neto. Se vivo fosse, certamente
Arraes reprovaria as atitudes equivocadas de Eduardo Campos, e
dificilmente votaria nele para qualquer função que fosse, tamanha a
decepção que a trajetória do neto lhe causaria.
Para consolidar o seu
oportunismo e a falta de identidade política, Eduardo demonstrando
mais uma vez que não tem capacidade de caminhar sozinho, resolveu
juntar-se a ex-senadora Marina Silva, que obteve cerca de 19 milhões
de votos nas eleições de 2010. Movidos pelo revanchismo de não
terem sido escolhidos pelo ex-presidente Lula para sucedê-lo,
estabeleceram uma aliança anti-petista, onde Campos confirmou a sua
mediocridade reunindo todos os elementos que fazem dele apenas mais
um jogador no meio político, dotado de grande oportunismo, porém,
sempre sob a sombra de alguém que tem, no mínimo, mais votos que
ele.
Analisando a vida
política de Eduardo Campos, fica nítido que nada mais é que um
carreirista na política, que constrói os seus apoios fatiando a
máquina pública, apropriando-se de projetos oriundos de outros
governos e contabilizando votos que nunca são próprios da sua força
leitoral, e sim, outrora, de grandes líderes de esquerda, como
Arraes e Lula, e hoje de caciques que tem nos seus feudos boas
oportunidades de negócios. Não é em vão que ficou conhecido como
o “novo” coronel.
A sua mediocridade seria
menor se ao menos os slogans de campanha fossem mais criativos, mas
talvez por ter contratado alguns marqueteiros do PSDB, tenha iniciado
a sua investida nas redes sociais igual ao candidato tucano Aécio
Neves, adotando o convite fracassado, “Vamos Conversar?”
Não satisfeito, Eduardo copiou mais um slogan, dessa vez do PT,
usado por Lula na despedida da Presidência da República em 2010,
quando fez o seu pronunciamento em rede nacional, quando disse que “É
possível fazer mais.” Na
tentativa desesperada de não descolar a sua imagem de Lula, a quem
traiu violentamente, Campos
agora diz que é hora da “Esperança Vencer o Medo”
copiando novamente o PT.
Com
tanta cópia, daqui a pouco o candidato do PSB vai ficar conhecido
como o “Homem que Copiava”, além, óbvio, de um político
medíocre, incapaz de criar até mesmo uma identidade publicitária
que o diferencie de outros. Mas isso pouco importa para ele, afinal,
sempre encontrou quem o carregasse nas costas, e como está mal
acostumado, acredita que sairá das próximas eleições ileso de
toda a traição e desonestidade, peculiar à sua personalidade, que
causou.
A
história nos mostra que a realidade é dura, e com traidores,
impiedosa. Se ao menos não fosse tão medíocre, poderia se
reinventar, mais tendo tal condição, terá que aguardar uma nova
oportunidade para copiar alguém. Certamente o ex-governador tem
pensado no que era antes do Lula, e deve está perdendo o sono com a
possibilidade de voltar a ser o que realmente representa sem o apoio
de quem sempre lhe deu a mão ou sem o poder da caneta que o tornou
tão poderoso, um medíocre, sem nada para oferecer aos que hoje,
oportunamente, lhe cercam.