Aos
34 anos, Fernanda dos Santos Honorato entra para o RankBrasil em 2014
como a primeira repórter com Síndrome de Down do País. Nascida no
Rio de Janeiro, a moradora da Barra da Tijuca coloca há sete anos em
prática seu maior dom: conversar com as pessoas. Não pense que as
atividades da moça param por aí. Além de repórter no Programa
Especial da TV Brasil, Fernanda é atriz, atleta líder da Special
Olympics do Brasil e rainha de bateria de escola de samba. Nesta
entrevista à Agência PT de Notícias, ela fala sobre sua vida,
paixões e vitórias. Acompanhe.
Você
sempre quis ser jornalista?
Eu
nasci com esse dom. Ainda pequena, eu brincava de entrevistar a minha
família. Eu fazia de conta que era a Marilia Gabriela, que é a
minha musa inspiradora. Não cheguei a fazer faculdade de jornalismo.
Por isso, aprendi a ser repórter na prática.
Quando
surgiu essa oportunidade de trabalhar na TV Brasil?
Eu
dei uma entrevista para o Programa Especial, que trata justamente
sobre inclusão social das pessoas com deficiência. A diretora,
Ângela Patrícia Reiniger, me achou muito desenvolta e acreditou que
eu tinha potencial para ser uma repórter. Por conta disso, me
convidou para fazer um teste e eu me saí super bem. Essa reportagem
chegou, inclusive, a ser exibida depois. Muita gente achava a Ângela
maluca por colocar uma pessoa com Síndrome de Down como repórter.
Qual
a melhor entrevista que você fez e por quê?
Certamente
foi uma entrevista com a Maria Bethânia. Eu me emocionei porque a
minha avó era fã dela e, quando eu era criança, ouvíamos os
discos da Bethânia juntas. Além disso, foi uma entrevista
exclusiva, depois de um show. Neste dia, ela só conversou comigo.
Além
do jornalismo, quais são suas outras paixões?
Ouvir
música é uma grande paixão, principalmente samba e música
sertaneja. As duas estão na minha veia. Pra me divertir, gosto de ir
à praia, dançar e passear com a minha melhor amiga. O nome dela é
Mariana Mattos e também tem Síndrome de Down.
Você
está envolvida em outras atividades?
Sim,
em várias! Sou atriz do Grupo Teatro Novo, faço dança cigana, sou
nadadora da Sociedade Síndrome de Down e atleta líder da Special
Olympics do Brasil. Viajo muito pelo Brasil em competição. Além
disso, como uma boa carioca da gema, sou rainha de bateria da escola
de samba inclusiva Embaixadores da Alegria, que abre o desfile das
campeãs, e musa da Portela.
Que
sonhos você ainda não realizou, mas que estão nos seus planos?
Tenho
muita vontade de fazer novela. Admiro muito o trabalho do Manoel
Carlos, do Benedito Ruy Barbosa e do Silvio de Abreu. Amo de paixão
a atuação dos atores Giovanna Antonelli e Murilo Benício. Espero
um dia ser chamada para atuar.
Você
já sofreu algum tipo de preconceito? Existe alguma barreira na
profissão?
Quando
eu era criança eu sofri preconceito sim, mas não gosto de relembrar
isso. Hoje em dia, acontece às vezes, mas eu não ligo. Na minha
profissão, eu nunca encontrei barreira.
Que
mensagem você gostaria de deixar para as pessoas?
Eu
diria que basta acreditar na gente. Podemos mover muitas barreiras em
nome dos nossos sonhos, seja na sociedade ou no mercado de trabalho.