A
renda dos 10% mais pobres no Brasil avançou 106% entre 2003 e 2012.
Esse percentual é o dobro do aumento da renda média (51%) e quatro
vezes mais que os 27% do PIB per capita real, resultado da soma de
tudo que é produzido no País por habitante, descontada a inflação.
Para
o ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo
Neri, esses dados da última Pesquisa Nacional por Amostras
de Domicílios (Pnad) são o resultado de uma combinação
equilibrada entre crescimento econômico e queda na desigualdade de
renda.
“Dizer
que todo este movimento de queda da pobreza e da desigualdade é
fruto de assistencialismo e não tem padrões estruturais é entrar
em conflito com os dados”, diz Neri.
Segundo
ele, existem pouquíssimas experiências no mundo, nos últimos 60
anos, de queda contínua de desigualdade durante 12 anos. Ele defende
que esse “caminho do meio” se baseia em transformações
estruturais.
No
mercado de trabalho, o maior símbolo deste período é a carteira de
trabalho assinada. O salário foi responsável por cerca de três
quartos do ganho de renda entre 2002 e 2012. Para ele, a
sustentabilidade das transformações se reflete nos ganhos de
qualidade em educação, em particular do ensino técnico, que, entre
2003 e 2014, dobrou sua cobertura entre jovens de 15 a 29 anos,
passando de 2% para mais de 4%.
Casa
própria - E os mais pobres estão começando a formar patrimônio.
“Isso significa que uma maior parcela da população de baixa renda
tem tido mais acesso à compra de imóveis e outros bens duráveis”.
A valorização do capital residencial dos mais pobres nos últimos
dez anos vem se acelerando desde 2009, o que em parte pode ser
explicado pela expansão do Minha Casa, Minha Vida.
O
crescimento também é mais forte entre os grupos tradicionalmente
excluídos. Entre 2003 e 2012, o crescimento médio do valor das
residências foi de 39%. No mesmo período, a expansão no capital
residencial dos empregados domésticos, por exemplo, foi de 53%.