Pernambuco
247 - A vereadora do Recife Marília Arraes (PSB) demonstrou sua
irritação quanto ao que considera uma interferência na disputa
pelo controle da Juventude Socialista Brasileira (JSB-PE) de maneira
a favorecer o filho do ex-governador de Pernambuco e presidenciável
pela legenda, Eduardo Campos, João Campos. Marília, que é prima de
Campos, postou em sua página no Facebook que o processo pela disputa
interna pelo comando da JSB-PE está sendo comprometido”. Embora
tenha evitado citar o nome de João Campos, ele anotou que “Existe
uma articulação maior para que outro jovem, sem envolvimento na
juventude partidária, assuma o posto de Secretário Estadual da
JSB-PE, cargo principal, por meio do qual terá assento na Executiva
Estadual do PSB”.
Em
sua postagem, a vereadora observa que duas chapas estavam
posicionadas na disputa pelo controle da JSB-PE, mas que existe uma
articulação em prol do favorecido que não possui “envolvimento
na juventude partidária”, prejudicando a democracia interna do
partido. “Devemos ensinar à nossa juventude (inclusive ao jovem
beneficiado!) que é natural ao processo político ser escolhido por
alguém influente? Perdoem-me, companheiros e lideranças
partidárias, mas a escola política em que cresci não me ensinou
esta fórmula”, escreveu.
O
presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, disse ao jornal Folha de
Pernambuco que João campos deverá realmente assumir o cargo como
secretário da JSB-PE, mas nega que haja qualquer tipo de
favorecimento. Para o dirigente estadual, João Campos construiu um
consenso entre as duas chapas e, desta forma, obtendo o apoio
necessário a uma candidatura de consenso. Sileno destacou, ainda,
que João Campos está fazendo um caminho próprio, “sem precisar
pegar caminhos mais fáceis”.
Confira
abaixo o post publicado por Marília Arraes em sua página no
Facebook.
Sobre
intervenção nos processos democráticos da JSB - PE
Talvez
por ter tido intensa convivência com meu avô, Miguel Arraes,
principalmente nos seus últimos anos de vida, tive a oportunidade de
compartilhar com ele o ideal de que um partido bem estruturado, que
forme quadros preparados e politizados, é essencial para a
consolidação da nossa tão jovem democracia. Ainda faço parte da
JSB e acredito que a minha participação sempre ativa como militante
foi de grande relevância para a minha formação política e
contribuiu bastante no caminho que sigo hoje como vereadora do
Recife, eleita por duas vezes, e como ex-secretária municipal de
Juventude e Qualificação Profissional. Acredito (e acreditarei até
os meus últimos dias) na importância da democracia e da liberdade
de expressão.
Assim
sendo, sinto-me atingida, como militante, ao ver um movimento oposto
ao da democracia na JSB-PE. Após anos de formação, militância e
articulação com as juventudes socialistas do interior e da Região
Metropolitana do Recife, foram formadas duas chapas, compostas por
jovens companheiros que dedicaram alguns de seus poucos anos de vida
à militância partidária. As chapas seriam submetidas a disputa por
voto dos delegados municipais, ou então por um acordo e composição,
conduzida por estes mesmos jovens quadros em formação. Todo o
movimento faz parte da formação política de nossos futuros líderes
e é de suma importância pra construção de um partido onde impere
a legitimidade.
O
processo, no entanto, está sendo comprometido. Existe uma
articulação maior para que outro jovem, sem envolvimento na
juventude partidária, assuma o posto de Secretário Estadual da
JSB-PE, cargo principal, por meio do qual terá assento na Executiva
Estadual do PSB.
Ora,
como podemos propor a formação de novos quadros, se impedimos a
juventude de se organizar, articular e, por fim, legitimar a sua
própria postulação? Ou devemos ensinar à nossa juventude
(inclusive ao jovem beneficiado!) que é natural ao processo político
ser escolhido por alguém influente? Perdoem-me, companheiros e
lideranças partidárias, mas a escola política em que cresci não
me ensinou esta fórmula.
Sei
que muitos que estão lendo devem concordar com tudo o que foi
exposto e, por um motivo ou outro, não podem se manifestar.
Entretanto, o importante é que saibamos qual o caminho correto e que
busquemos, da forma que for possível, fazer da política um
instrumento de fortalecimento da justiça social e da democracia.
Marília
Arraes
Vereadora
do Recife (PSB)
Membro
da JSB/PE